segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Empresários defendem mais formação no turismo e ajustes nos transportes

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) considera que o setor do turismo necessita de um reforço de formação, de ajustamentos nos transportes e de uma aposta no alojamento alternativo.

O turismo “é muito transversal na nossa economia e impacta em muitos setores de atividade, portanto é um setor que nós achamos que deve ser uma aposta muito clara do Governo Regional e que tem impactos muito grandes no crescimento da economia dos Açores”, disse Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo e atual presidente da CCIA.

Sandro Paim reconheceu à Lusa que o turismo registou um “crescimento muito significativo no último ano e meio”, mas admitiu que esse crescimento não se vai manter e, por isso, defende que o próximo Governo Regional deve preparar o setor para a estabilização dos fluxos.

“Acima de tudo temos de trabalhar na fidelização dos clientes e estabilizar este mercado que é tão importante. Essa estabilização passa por um conjunto de iniciativas que têm de ser dadas rapidamente”, salientou.

Uma das reivindicações da associação empresarial é o aumento da disponibilização de lugares nas ligações aéreas com o continente português, na época alta, para contornar os “constrangimentos” verificados no preço das passagens.

Sandro Paim reconheceu que foram dados passos importantes com o novo modelo de transportes, que liberalizou as rotas das ilhas Terceira e São Miguel, atraindo voos ‘low cost’ (de baixo custo) para os Açores, mas salientou que ainda existem grandes constrangimentos nas ligações dentro do arquipélago, sobretudo na época alta.

“Tem de haver um reforço de ligações inter-ilhas e uma redução do custo. Esses devem ser os principais objetivos para os próximos quatro anos, em termos do desenvolvimento das acessibilidades de passageiros, no que diz respeito ao transporte aéreo”, apontou.

Outra das necessidades já identificadas pela Câmara de Comércio é o reforço de formação dos recursos humanos dos diferentes ramos ligados ao turismo, como o alojamento, o aluguer de viaturas, a restauração e a animação turística.

“Nós sabemos que ainda existem algumas lacunas no bem servir. É típico de um mercado que está a crescer rapidamente e que não estava necessariamente preparado para este crescimento”, justificou Sandro Paim.

O presidente da CCIA defendeu também uma revisão do Plano de Ordenamento Turístico da Região Autónoma dos Açores, que privilegie incentivos ao alojamento local e rural, adaptando-se aos novos fluxos turísticos que procuram o arquipélago.

“Não nos podemos cingir à hotelaria tradicional, porque os fluxos que estão a chegar cá não procuram só esse tipo de alojamento. Aliás, o que vemos é que grande parte já procura outro tipo de alojamento e portanto há necessidade de também rever o que é o nosso sistema de incentivos”, salientou.

Sandro Paim considerou que há “uma necessidade clara de investimento público”, transversal a todas as ilhas, em miradouros, zonas balneárias, trilhos pedestres e sinalética, acrescentando que estas zonas têm de ser potenciadas pelos privados com oferta de produtos turísticos, para que o investimento tenha retorno.

Por outro lado, defendeu a preservação de parques naturais, a criação de reservas marinhas e o alargamento de horários de acesso a áreas de interesse turístico.


Fonte: Lusa



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